De que está à procura ?

Colunistas

Amália Rodrigues

Dizia a senhora do fado tanta vez, ela lá sabia porque. No entanto para mim eu gostava dela por aquilo que se tornou com os anos. O telefone na rua de São Bento há muito que deixou de tocar. Agora a senhora Amália jaze no panteão nacional e faz muito bem.

O novo Airbus 321 da TAP a 30 de maio recebeu o seu nome e eu gostei. Conhecer e ouvir Amália cantar entre amigos ou ouvi-la a cantar nos ensaios como eu assisti com o poeta meu amigo Ary dos Santos foi uma experiência marcante! Porquê? Porque sua voz extasiava, ela dava sentimento ao texto e o tornava deleitoso, sua voz era uma dádiva de Deus que encantou milhões de pessoas durante muitas décadas. Como tudo aconteceu, quem eram seus pais, suas muitas irmãs e irmãos, com quem casou pela primeira vez, que influencia teve sobre ela seu pai, mãe e avó, lhes contarei tudo noutra altura.

Quando Amália tinha doze anos a escola para ela terminou e como as demais pessoas pobres daquela época Amália foi para Lisboa com os pais, aprende um ofício e foi o de bordadeira. Ganha na altura dois escudos por dia. Amália como a filha mais velha tem de ajudar a mãe na lida da casa. Com o tempo no cais da Rocha a mãe monta uma pequena banca de fruta, Amália ajuda e canta entre pregões cantigas da beira baixa. Aos sábados vai ao Cinema de Alcântara e seu desejo é ser artista.

Em 1938 representa o Bairro de Alcântara onde vive, conhece o guitarrista Francisco Cruz por quem se apaixona. Mas é só em 1939 que Amália faz sua estreia profissional. Estreia-se na revista “Ora vai tu” personificando a fadista vestida de xaile preto. Encanta a todos e canta o fado com intensidade dramática.

Aos 23 anos divorcia-se e agora é uma jovem alegre e divertida! Em 1943 estreia-se em Madrid. Em Roma canta e encanta e em 1954 faz digressão pelo México. Amália ultrapassa todas as fronteiras. Poetas como Pedro Homem de Mello e David Mourão Ferreira passam a escrever para ela. Em 1958 aparece a cantar na televisão. Amália continua a cantar os poetas da esquerda: Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill. Em 1969 Amália é condecorada por Marcelo Caetano.

Em 1980 a fadista é condecorada com o grau de oficial da ordem do infante D. Henrique por Mário Soares e em 1997 edita um livro de versos, porque Amália tinha uma veia poética!

Falar sobre Amália e contar seus talentos é coisa que dava muito para contar. No entanto eu só a vim a conhecer na década dos anos 60 quando rapaz estava empregado em Lisboa e foi nos poucos anos que lá vivi que vim a conhecer muitos poetas e outros artistas, também eu nessa época estava sedento de aprender a aprimorar os meus versos e algo aprendi, contactar com todas as pessoas foi sempre o meu desejo até aos dias de hoje. Também a senhora Amália Rodrigues aprendeu muito na vida por ser humilde!

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA