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Como é feita a opinião

Certo político – que dizem ser o pai da democracia portuguesa – proferiu, certa vez, frase (que não era sua) que ficou célebre: “só os burros é que não mudam!”

Assim é; mas será que a maioria das pessoas têm opinião ou sabem o que é ter opinião?

Creio que não: porque os pareceres mudam, consoante os momentos, os interesses e a opinião do “clube” em que estão inseridos.

Vejamos. Qual é o militante, que pretende ascender a cargos – remunerados ou não – do seu partido, que se atreve a discordar do líder quando este está em plena ascensão?

Poucos ou nenhuns. A opinião do militante é, salvo raras exceções, a mesma do chefe.

Uma vez o líder em queda, surgem, então, os pareceres, as discórdias; e poucos o defendem, mesmo os que meses antes se batiam heroicamente a seu favor.

Também o critico da moda – literário ou teatral – ao escrever o comentário, tem o pensamento na “capelinha” que o apoia, que não lhe perdoaria crítica negativa a um camarada.

O escritor é excelente ou medíocre conforme o grau de amizade, ou por haver tratado tema, que agrada a certa feição, seja ela política, religiosa ou desportista.

Sejamos francos e honestos: a obra pode ser excecional, o autor um génio, mas se os ideais defendidos são contrários ao nosso ponto de vista, a obra é má ou assim-assim.

Para o homem da esquerda, só tem valor o que pensa como ele; e o mesmo acontece, quase sempre, ao que milita em partidos de direita.

Mas, o que é afinal, ser de direita ou de esquerda?

Há homens de direita que pensam e agem como se fossem de esquerda; e há de esquerda, que quando agem, enquadram-se até na extrema-direita!

Uma coisa é vê-los falar; outra são as obras…

É que a escolha de ideologia ou partido, é feita, muitas vezes, por razões sentimentais ou conveniências…

Já repararam: se um futebolista joga num clube rival ao nosso, as atitudes incorretas taxamo-las de indisciplina e má educação; mas se o nosso clube o contrata passam a ser “nervosismo”, ”ter o coração junto da boca”…

Sabemos que é assim; mas as massas não sabem; e como são incapazes de raciocinar sem a muleta do crítico ou comentador, seu parecer é o que está em voga, ou o que seu jornal defende.

E está em voga porque uma minoria bem organizada e com poder domina os mass media, e interessa-lhe que o Senhor “A” seja uma sumidade, e que o Senhor “B“ seja burro chapado ao quadrado!

E, as massas acéfalas, em rebanho, engrossam as manifestações e os abaixo assinados, convencidas que pensam, mas não pensam… E mal está quem lhes diga isso.

E assim, o povo não passa de bonequinho de marioneta: salta, canta, chora, ri, aplaude, censura, grita, berra, sem se aperceber, que é comandado por cordelinhos invisíveis.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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