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Eleições à grande e à portuguesa

“A democracia mais não é do que uma autocracia que se legitima, de tempos a tempos, através de um acto hegemónico, no qual as ovelhas seguem em rebanho, mesmo sabendo que serão tosquiadas em pleno Inverno por aquele que seguem”

Livro das Verdades

 

Hoje resolvi falar-vos sobre o método que considero mais adequado para que os cidadãos expressem de forma mais correcta o seu sentido de voto. E não, não estou a falar aqui de votações para expulsarem cavalos de cobrição e mamalhudas da Casa dos Segredos, nada disso! Estou a falar de algo mais nobre: de eleições democráticas, como as que se avizinham já no próximo dia 1 de Outubro para as autarquias locais. Numa democracia a cheirar a azedo como a nossa qual será a melhor forma de organizar uma votação para as nossas autarquias? Pense comigo estimado leitor: se nas últimas quatro décadas, se utilizou o Sistema de Maioria Simples (ou sistema maioritário de uma volta), em que o vencedor foi sempre o candidato mais votado, e foi o desastre completo que se viu (enriquecimento ilícito, compadrio político, desordenamento territorial, prédios em cima das praias e leitos de rio, familiares e amigos com prioridade no acesso ao emprego nas autarquias, negociatas que nem lembra ao diabo, empresas municipais manhosas e um rol sem fim de mafiosidades que nunca mais termina) então mais vale mudarmos o sistema de votação que procede à escolha dos candidatos autárquicos…

Sabemos que nenhum sistema é completamente justo, é certo, mas já que o Sistema da Maioria não funcionou (porque não promove a verdade) podíamos experimentar o Sistema ou Regra da Minoria (ou Sistema Minoritário), em que o candidato com menos número de votos é declarado vencedor. Aposto que, com esta regra, em vez de termos cartazes a evidenciar as qualidades do candidato, como por exemplo, “Vota José Catrapum, o candidato que promete um trabalho sério, honesto e de confiança! Com José Catrapum, Vila de Cima vai ter um grande futuro!”, teríamos antes cartazes do tipo: “Vota José Catrapum, o candidato irresponsável que promete um trabalho desonesto, imoral e corrupto! Com José Catrapum, Vila de Cima vai ter um futuro de bosta!”. Com este sistema, teríamos a verdade toda ao vir ao de cima na medida em que as candidatas e candidatos podem ser 100% honestos. É o único sistema em que a honestidade (ao não lhes dar votos) lhes possibilita a eleição para um cargo político. Claro que outra das promessas que pode render o acesso ao cargo de presidente de uma autarquia pode ser, por exemplo: “Eu prometo, se for eleito, colocar toda a minha família a trabalhar na câmara, sem esquecer a minha amante e os irmãos dela. Prometo ainda trabalhar no sentido de tornar Vila de Cima a câmara mais corrupta do país. E só descansarei quando tiver meia-dúzia de ‘offshores’ com dinheiro proveniente de negociatas sujas. E, claro, estou-me a lixar para os Vilacimenses”. Este aqui de certeza que ganhava as eleições, pela sinceridade e, claro, pelo Sistema Minoritário. Mas é este sistema o único a promover a verdade, já que o Sistema Maioritário de Maioria Simples, em vigor desde 1976, apenas tem promovido a mentira, o embuste e a fraude!

Daniel Luís

 

 

 

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