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Jovem português é “craque” da fisioterapia na China

O português Luís Mesquita não é um goleador nato, maestro do meio-campo ou líder na defesa, mas já provou ser uma mais-valia para o clube de futebol chinês Shijiazhuang Everbright, onde chegou em abril passado.

“O meu objetivo aqui é reduzir o risco de lesões no plantel”, explica à agência Lusa o fisioterapeuta de 26 anos e natural do Porto. “E, comparado ao ano passado, melhoramos muito nesse aspeto”, diz.

Visando contrariar um registo “brutal” de lesões, o conjunto que compete na Superliga chinesa convidou o jovem português, no início desta época, para dirigir um programa de exercícios.

“Tive que tomar a decisão em menos de 24 horas, mas nem pensei duas vezes”, revela Luís Mesquita que, antes de ir para a China, trabalhou no departamento de hóquei do FC Porto.

“O meu objetivo foi sempre chegar à alta competição”, realça.

Com sede na capital da província de Hebei, a cerca de 300 quilómetros de Pequim, o Shijiazhuang Everbright foi fundado há 15 anos.

Aqui alinha também o único jogador português a competir na prova máxima do futebol chinês, o médio internacional Rúben Micael.

Os brasileiros Matheus Nascimento, que jogou cinco épocas no Sporting de Braga, e Diego Maurício, que já passou pelo Vitória de Setúbal, também jogam no Everbright.

É precisamente com aqueles futebolistas e um treinador português, que trabalha na escola local da Academia Luís Figo, que Mesquita mais convive em Shijiazhuang.

“Jantar fora e sair, nisso não noto grande diferença para Portugal, porque a zona em que vivemos tem muita coisa ocidental”, explica.

No departamento médico do clube, contudo, Luís é o único estrangeiro.

“Não é fácil conciliar o nosso trabalho. Exige uma flexibilidade de parte a parte. Do meu lado, porque sei que não posso implementar tudo aquilo que fazemos na Europa, mas também da parte deles”, explica.

O jovem aponta a comunicação como a “grande barreira” no seu trabalho, apesar do clube disponibilizar tradutores de português.

“A forma de comunicar dos chineses é completamente distinta da nossa”, sintetiza.

Passado quase meio ano a viver na China, Luís admite, no entanto, que “tinha uma ideia muito diferente do país”.

“Pensava que a China era muito menos desenvolvida do que aquilo que é. Muitas vezes fico admirado com a qualidade dos estádios onde vamos jogar”, acrescenta.

O “espetáculo” e a “paixão” que envolvem a modalidade foram as outras surpresas: “Na nossa cidade, os adeptos são completamente fanáticos e, no estádio, o ambiente é muito bom”.

Já quanto ao futebol praticado, admite que falta ainda “conhecimento”, apesar dos “clubes chineses terem muito dinheiro”.

Só esta época, as 16 equipas que disputam a Superliga chinesa investiram cerca de 400 milhões de euros na contratação de jogadores estrangeiros.

Os antigos futebolistas do FC Porto Hulk, Jackson Martínez e Fredy Guarín, ou Ramires, que já alinhou pelo Benfica, são alguns dos nomes sonantes que rumaram à China, desde janeiro.

Mas a profissionalização do futebol chinês começou há apenas um quarto de século e, tanto a nível de clubes como de seleção, a China continua aquém de vários países na Ásia.

“Os clubes ainda são muito amadores”, diz o fisioterapeuta português. “Vêm-se aqui muitos investimentos que saem completamente ao lado”.

Luís, que teve de adiar o casamento pela igreja para rumar à China – o civil foi feito na manhã do dia em que partiu – não pensa, contudo, em deixar o futebol chinês.

“Não só pelo aspeto financeiro, mas é também gratificante, saber que tudo o que eu estou a desenvolver aqui é feito de raiz”, argumenta. “Sou a primeira pessoa”.

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