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Milhares de pessoas na rua em Macau contra aumentos de taxas

© Pedro Lobo

Uma manifestação contra aumentos de taxas relacionadas com veículos – como reboques, licenças e inspeções – juntou este domingo entre 1.600, segundo a polícia, e 5.000 pessoas, segundo a organização, nas ruas de Macau.

Vestidos de preto, alguns munidos com megafones e cartazes, e com o apoio das buzinas de veículos que passavam, os manifestantes protestaram contra a atualização destas taxas, que entrou em vigor no dia 01 de janeiro.

As subidas acentuadas das taxas geraram insatisfação, numa cidade onde o trânsito está entre as principais preocupações da população, com especial destaque para as dificuldades de estacionamento – um lugar num parque pode custar mais que um carro de gama elevada. A taxa de remoção de veículos, por exemplo, passou de 300 para 1.500 patacas (de 35 para 178 euros), mas também se verificaram aumentos acentuados para licenças, inspeção de veículos e exame de condução.

O número de manifestantes é significativo para Macau, onde em 2016 a maior manifestação, que pedia a demissão do chefe do Executivo, depois de um controverso donativo a uma universidade da China, reuniu entre 1.100, segundo a polícia, e 3.000 pessoas, segundo a organização.

Apesar de estar em causa uma subida nos custos dos serviços, os organizadores têm-se referido aos aumentos como “multas”.

Cartazes em chinês, português e inglês compunham a marcha, liderada pelo deputado Pereira Coutinho: “Se multas é a solução, então multe o governo pela má gestão”, “High fine is not fine” (“Multas elevadas não estão bem”), “Trânsito caótico, multas malucas”, “We want low cost carparks” (“Queremos parques de estacionamento baratos”), “High fines equal robery” (“Multas elevadas são iguais a roubo”), “We want good public transportation” (“Queremos bons transportes públicos”), “Parques sim, multas não”.

Apesar de alguns manifestantes falarem um pouco de português, vários recusaram-se a ser entrevistados e quase todos omitiram o nome.

“Castiguem primeiro a gestão, a administração, o governo não tem boa gestão. As multas não resolvem a situação. Há sempre problema de estacionamento. Em Macau, ter um [lugar no] parque é difícil. É uma multa muito exagerada, valor muito elevado, a probabilidade de ter multa é muito maior, a gente em todo o lado tem multa”, disse à Lusa um residente.

Yonnie, de 44 anos, foi a única entrevistada que aceitou dar o nome à Lusa. Participava na manifestação com os dois filhos bebés no carrinho: “Achamos que é injusto. Os parques [de estacionamento] são cada vez menos. Se tivermos carro, nada funciona”.

O problema crónico de trânsito em Macau é algo que afeta a sua família, diz, bem como a de “toda a gente”. “É difícil estacionar em qualquer lado, se quisermos ir a algum lado não podemos estacionar. Se tivermos a sorte de encontrar um lugar na rua, temos de ter muito cuidado” para não sofrer uma multa, lamenta a residente, indicando que ter “pelo menos um” carro é essencial por ter dois meninos gémeos, o que torna a deslocação “muito difícil”.

A marcha terminou, como habitualmente, junto do Palácio do Governo, onde Pereira Coutinho entregou uma petição pedindo a retirada do despacho que aumentou as taxas, que não foram submetidas a consulta pública.

“Acho que os cidadãos não devem sofrer consequências tão drásticas”, afirmou. Questionado sobre a probabilidade de o Governo voltar atrás com a medida, Coutinho disse que irá “aguardar” e que já pediu um encontro com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário.

“Não se pode aumentar drasticamente as multas sem ouvir os cidadãos. Nesse sentido, tivemos de avançar com essa manifestação e não estão postas de lado outras formas mais drásticas, como forma de exprimir a vontade dos cidadãos, nomeadamente a marcha lenta de automóveis e motociclos”, disse.

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