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Moradores de Altura em guerra com as autocaravanas

O parqueamento de autocaravanas em áreas de estacionamento junto à praia de Altura, Castro Marim, está a causar mal-estar entre proprietários de vivendas, que criticam a falta de fiscalização ao que consideram uma “ocupação ilegal”.

A agência Lusa constatou a presença de dezenas de autocaravanas em estacionamentos convencionais, sem acesso a água, eletricidade ou saneamento, ao lado da praia e em frente a residências, na zona nascente da praia, mas os autocaravanistas alegam que não incomodam ninguém e não cometem qualquer ilegalidade, porque podem estacionar se não ocuparem zonas exteriores ao veículo.

Contudo, a sua presença deixa “incomodados” proprietários das residências, como Rui Figueiredo, que disse à Lusa que os autocaravanistas “colocam mesas no exterior, fazem churrascos e ruído, sem que a GNR ou a Câmara de Castro Marim ponham cobro a essa ocupação ilegal”.

Rui Figueiredo descreveu os praticantes de autocaravanismo como “os novos turistas de pé descalço” e disse haver “casos de roubo de água e de eletricidade” em vivendas desocupadas e “estacionamentos em acessos a garagens”.

Rui Costa, outro residente, disse que “Altura está invadida, na zona junto à praia, ao pé do campo de futebol e do hotel, por autocaravanas que estão estacionadas em parques normais e nas dunas”.

O morador lembrou que os “detritos de águas e esgotos têm de ser colocados em algum sítio” e há “parques pagos e preparados para as receber a poucos quilómetros, em Vila Real de Santo António e Manta Rota”.

Carlos Isidoro, um autocaravanista ouvido pela Lusa, afirmou não se rever nos comportamentos descritos pelos residentes e lamentou que “todos sejam criticados pelo comportamento de uma minoria”.

“Não ocupamos estas zonas, apenas estacionamos. E isso é legal, estes veículos podem estar estacionados normalmente, desde que não coloquem nada no exterior. E é isso que fazemos”, disse João Miguel Lourenço, outro autocaravanista.

O presidente da Federação Portuguesa de Autocaravanismo, José Ricardo Pires, disse não conhecer o caso em concreto e manifestou-se favorável à punição dos infratores, mas advertiu que é necessário criar uma “oferta integrada” de espaços para acolher autocaravanas e “evitar discriminações”.

A Lusa questionou o presidente da Câmara de Castro Marim e Francisco Amaral assegurou que a autarquia tem “tolerância zero contra o autocaravanismo selvagem” e irá “lançar ainda este ano obras” para dois parques apropriados para estas viaturas, um em Altura e outro na sede de concelho.

Francisco Amaral disse que a Câmara bloqueou este ano o acesso ao parque de estacionamento utilizado por autocaravanas de forma ilegal em anos anteriores e reconheceu que muitos divergiram para a zona nascente, mas garantiu que tudo fará para “acabar definitivamente com esta situação”.

O autarca contrapôs que o autocaravanismo era praticado essencialmente por turistas estrangeiros, que regressavam aos seus países nos meses quentes, mas nos últimos dois anos houve um aumento dos praticantes portugueses durante o verão, “em números difíceis de acompanhar”.

Fonte da GNR disse à Lusa que, quando são detetadas situações ilegais, a força de segurança “fiscaliza, levanta os devidos autos, encaminha esses autos para as respetivas câmaras municipais e dá informação aos autocaravanistas sobre os parques” existentes para os acolher.

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