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Os portugueses dos Estados Unidos já não são o que eram

É uma das maiores investigações à comunidade portuguesa nos EUA de sempre. Dulce Maria Scott, professora de sociologia na universidade de Anderson – localizada no estado norte-americano do Indiana e apontada como uma das melhores instituições do centro-oeste dos Estados Unidos – é responsável pelo primeiro Portuguese-American Community Survey da PALCUS (o Conselho de Liderança dos Portugueses-Americanos nos Estados Unidos). Esta entrevista foi feita ao longo de duas semanas, sempre por e-mail, à medida que os dados se tornavam mais e mais claros. Há algumas surpresas, mas talvez nenhuma seja mais importante do que esta: ser português na América tornou-se definitivamente um motivo de orgulho, revela o Notícias Magazine que entrevistou Dulce Maria Scott.

Até que ponto a comunidade portuguesa nos Estados Unidos ainda vive fechada sobre si mesma?
Para as gerações mais velhas de emigrantes portugueses era natural formar enclaves dentro das cidades que ocupavam. Isto não é um exclusivo português, é comum a várias comunidades imigrantes nos Estados Unidos. Estes primeiros grupos, que chegaram com baixos níveis de educação e de capacidades ocupacionais, ficaram caracterizados por uma grande concentração espacial e homogeneidade económica, viviam todos nos mesmos sítios e pertenciam às mesmas classes trabalhadoras. Mas, à medida que as gerações se sucedem, a integração socioeconómica dos portugueses permite que haja uma mobilidade espacial e uma divisão de classes similar à restante população americana. Em 2010-11 conduzi um estudo que mostrava que 65 por cento dos lusodescendentes tinham abandonado os bairros portugueses para morar nos subúrbios ou outras partes das cidades. Isso não quer no entanto dizer que tenham rompido com as raízes. Em comunidades como New Bedford ou Fall River, onde 40 por cento da população tem origem portuguesa, é impossível não conviver com pessoas da mesma origem. Ainda assim, a integração está a acontecer. Uma boa maneira de vermos isso é pelos níveis de heterogamia. Neste estudo que estou agora a fazer para a PALCUS, podemos concluir que 55 por cento dos lusodescendentes estão casados com pessoas de outros grupos étnicos. É uma grande mudança.

Também há uma grande mudança no nível de educação da comunidade portuguesa?
Há uma melhoria inegável do nível educacional, mas ainda é relativamente lenta. Tradicionalmente, os portugueses que emigraram, seja para os EUA ou para qualquer outro país, são maioritariamente trabalhadores manuais sem competências específicas. Mas, na última década, a transformação tem-se acentuado de forma muito expressiva. A cada ano que avança vemos a taxa de população com ensino superior a crescer. Hoje, 28,3 por cento da população portuguesa nos Estados Unidos tem educação universitária, apenas uns pontos abaixo da média do país – que é de 30,6. Um facto curioso é que, se excluirmos os lusodescendentes e pensarmos apenas nos que chegam diretamente de Portugal, há uma subida relevante no nível de formação. Em 2007 9,1 tinham educação universitária. Hoje são 13 por cento. Isto explica-se por dois fatores: os mais velhos vão morrendo e têm chegado aos EUA novos portugueses com maiores competências.

Leia o resto da entrevista aqui.

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