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Os sonhos dos portugueses em França não são todos como “A Gaiola Dourada”

Laurence Ferreira Barbosa assina um drama íntimo sobre a identidade de uma emigrante portuguesa em Todos os Sonhos do Mundo.

Os sonhos portugueses em França não têm de ser todos como A Gaiola Dourada, de Rubén Alves.

A edificação real dos emigrantes portugueses em Paris está expressa em Todos os Sonhos do Mundo, pequeno tratado do cinema do real trabalhado com amor por Laurence Ferreira Barbosa, realizadora francesa cujo avô era português.

Os sonhos aqui pertencem a Paméla, uma adolescente filha de emigrantes que está a ficar mulher e repensa o seu futuro num verão onde volta às férias portuguesas, o seu “paraíso perdido”. Paméla vai descobrir em Trás-os-Montes a sua identidade como lusodescendente mas também um caminho para a sua vida.

Se a fórmula do “coming of age” está bem assumida no argumento que a própria realizadora escreveu, o que se destaca no filme é a justeza de olhar para com toda a comunidade de emigrantes portuguesa em França. Portugueses filmados sem filtros nem peripécias, apenas com um respeito realista enorme.

Laurence quis emigrantes verdadeiros e não recorreu a atores profissionais. O melhor exemplo é a protagonista, a jovem Paméla Ramos: “o filme não é baseado na sua história mas é verdade que me inspirei muito nela. Foi logo a primeira a ser vista num longo casting”.

Estreado em França a semana passada, Todos os Sonhos do Mundo tem recebido elogios de toda a crítica e trata-se de um objeto para mostrar aos franceses uma comunidade que muitos apenas vêm como a dos porteiros e das mulheres de limpeza: “seja como for, os portugueses são muito respeitados. São vistos como pessoas que não criam sarilhos e gente muito trabalhadora. Sinceramente, não sei como eles se sentem julgados pelos franceses, mas não há qualquer tipo de problema, mesmo tratando-se de uma comunidade um pouco fechada”, sublinha a realizadora.

“O tema da emigração é muito rico. Ainda há muitas histórias para contar. Agora, vamos ter a jovem Cristèle Alves Meira a filmar também uma história de emigrantes e há ainda o Menina, da Cristina Pinheiro. Estamos naquela fase em que os lusodescentes têm a necessidade de contar as suas histórias. Isto é incrível! Lembro-me de há uns anos reparar que não havia cinema a falar dos portugueses em França e ,de repente, o A Gaiola Dourada! Isto é só o começo de um movimento”, destaca a cineasta.

Nesta avalanche de estreias e de festivais de cinema, este é um filme que injustamente se arrisca a passar ao lado. E é também o exemplo de quando a singeleza é generosa em cinema não é preciso mais nada…

A cineasta francesa diz que agora começa um movimento sobre histórias dos lusodescendentes.

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