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Portugal exporta bacalhau fresco para os Estados Unidos

Chama-se Rui Costa e Sousa mas é mais conhecido como Sr. Bacalhau, a marca de bacalhau demolhado ultracongelado que lançou em 2007 e que resume bem a vida e a carreira deste empresário natural de Tondela que sempre teve olho para o negócio. Exportar skrei, o exclusivo bacalhau fresco certificado da Noruega apenas disponível entre fevereiro e abril, para o mercado dos EUA é a mais recente aposta do Sr. Bacalhau, que espera, já este ano, vender 300 toneladas deste produto premium diretamente da Noruega para vários destinos do mercado norte-americano, diz o Diário de Notícias.

“O nosso negócio é como fazer peças de luxo para relojoaria. Um bacalhau bom, de máxima qualidade, da Noruega para o mundo, é um produto premium”, explica o fundador do Grupo Rui Costa e Sousa & Irmão (RCSI), que recentemente integrou a comitiva de oito empresas portuguesas das pescas que marcou pela primeira vez presença na maior feira de pesca da América do Norte, a Seafood Expo. O objetivo é chegar a novos mercados e a aposta reflete também o crescimento das exportações de peixe e crustáceos para os EUA, que passaram de cerca de 13 milhões para perto de 17 milhões em 2015, um aumento de 29%.

De acordo com a Associação dos Comerciantes de Pescado, os produtos de pesca têm um impacto total no produto interno bruto (PIB) português superior a 2,5 mil milhões de euros e o setor emprega mais de 90 mil pessoas. Em 2015, as exportações ultrapassaram os mil milhões, um aumento de 12%.

Para o Grupo RCSI, a exportação de skrei para os EUA “é uma janela de negócio importantíssima, com um crescimento garantido”, garante o diretor industrial Gonçalo Guedes Vaz, confirmando o interesse em explorar o novo mercado americano e consolidar também as exportações de bacalhau fresco para o mercado europeu, que se iniciaram em 2010.

“A primeira carga de skrei foi enviada para os EUA no início de fevereiro e temos todas as condições para exportar 300 toneladas até abril”, afirma. Para isso, a empresa teve de passar nas apertadas regras de avaliação da Food and Drug Administration norte-americana, que certificou a fábrica de bacalhau na Noruega onde o grupo RCSI já investiu 20 milhões de euros.

Durante apenas três meses em cada ano, o bacalhau fresco, denominado skrei, faz as delícias dos chefs de cozinha de todo o mundo, que o servem nas mais extravagantes criações gastronómicas. O skrei está assim definitivamente na moda, não só na Europa mas também nos EUA, onde este bacalhau topo de gama se estreou em 2013 pela mão do próprio Conselho Norueguês das Pescas num evento especial em Nova Iorque.

“Os EUA são um país com poder de compra, um mercado maduro com 300 milhões de habitantes que não têm acesso a peixe com esta qualidade. O consumo resume-se a menos de 14 kg de peixe per capita, na maioria de aquacultura. Mesmo vindo de tão longe, de avião, o skrei chega dois ou três dias depois de ser capturado na Noruega”, explica Gonçalo Guedes Vaz, revelando que “também está nos nossos planos exportar skrei para outros mercados, como a América do Sul e o Brasil”.

O objetivo é claro: “Se conseguirmos a logística certa para chegarmos com o skrei ao mercado de Nova Iorque, para onde já enviamos bacalhau seco, garantidamente teremos sucesso e há mais-valias para o negócio.”

Para fazer face aos custos crescentes da fábrica na Noruega, a empresa decidiu aproveitar ao máximo todo o produto que vinha do mar, independentemente do tamanho do bacalhau: vender fresco o bacalhau até três quilos e salgar os peixes maiores. “O core da empresa é salgar bacalhau, não era vender fresco. No entanto, rapidamente percebemos que devíamos ter o melhor dos dois mundos”, refere o diretor industrial. Há ainda outras vantagens. “O peixe fresco paga-se a prazos muito inferiores – até dez dias – e o risco é menor. O salgado obriga a fazer stock e o seu valor pode baixar e subir várias vezes consoante o ambiente económico, que se repercute no negócio.”

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