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Revólver

Fico.

E que importa se me vou

se a minha passagem não é explosão

a minha vida sangue em vão

o meu sopro um efémero segundo

e a minha esperança um sonho inane no mundo.

 

Cansei-me da chuva das minhas noites,

o cordel não quis parar, quer arder, grita-me,

e o fio da vida, emaranhado e cruel,

susurra-me o segredo do labirinto:

nem Dédalo, Ariana ou Minotauro.

Teseu, Ulisses, Jasão!

 

As trovoadas, as tempestades, os tsunamis,

toda a meteorologia passa finalmente a fazer sentido,

o Adamastor, o mar sem fundo, as bordas da Terra,

e a geografia também.

Varri furacões com um olhar,

os mitos da palma da mão,

os sortilégios e os sacrilégios de aquém.

 

Devolvo o revólver à gaveta.

Hoje fico.

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