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Três estrelas Michelin para um restaurante português?

 A pouco tempo da apresentação do Guia Michelin ibérico de 2019, em Lisboa, especialistas em gastronomia fazem as suas ‘apostas’: uns acreditam que Portugal alcançará as três estrelas pela primeira vez, outros consideram a hipótese difícil.

“Gostaria de ver Portugal a estrear-se no ‘Olimpo dos ‘Chefs’”, comentou à Lusa o colecionador de guias Michelin Antonio Cancela, apontando dois candidatos “mais fortes” para alcançar a classificação máxima: os restaurantes Belcanto (Lisboa, ‘chef’ José Avillez) e Ocean (Armação de Pêra, Hans Neuner).

Na edição deste ano do Guia Michelin Espanha e Portugal, há 18 restaurantes com uma estrela (‘cozinha de grande finura, compensar parar’) e cinco com duas estrelas (‘cozinha excecional, vale a pena o desvio’), mas, na história de mais de um século destas distinções na Península Ibérica, nunca houve nenhum estabelecimento português com três estrelas (‘cozinha única, justifica a viagem’).

“A cozinha portuguesa tem tido, há vários anos, uma melhoria, e isso reflete-se no número de estrelas Michelin obtidas nos últimos três anos [uma estrela para nove restaurantes e duas estrelas para dois estabelecimentos]. Tem espaço para continuar a crescer, e isso iremos ver, com toda a certeza, refletido no Guia Michelin de 2019”, comentou o espanhol António Cancela, que, juntamente com o seu irmão gémeo Juan, detém uma das duas únicas coleções integrais dos guias Michelin.

Cancela acredita que Portugal pode conquistar, na edição do próximo ano, entre uma e quatro novas primeiras estrelas e “um ou dois” restaurantes podem subir à segunda estrela.

O especialista em gastronomia Duarte Calvão, um dos autores do blogue Mesa Marcada, também está otimista quanto à possibilidade de Portugal conquistar, na próxima edição, três estrelas para dois restaurantes.

“O ‘Vila Joya’ tem mais possibilidades e por vezes a Michelin gosta de premiar a consistência, algo que a cozinha de Dieter Koschina sem dúvida tem. (…) Mas, evidentemente, os grandes favoritos são o Belcanto e o Ocean. Acho que tanto José Avillez quanto Hans Neuner merecem a distinção máxima e que não faria sentido um ser tri-estrelado e o outro não”, escreveu o também diretor do festival gastronómico “Peixe em Lisboa”, num artigo publicado no seu blogue.

Quanto a possíveis novos duas estrelas, Duarte Calvão aposta no Alma (Lisboa), do ‘chef’ Henrique Sá Pessoa, que conquistou a primeira estrela em 2017.

O especialista reconhece que é “relativamente recente a conquista da primeira”, mas considera que “é o tipo de restaurante e de cozinha que os inspetores [da Michelin] apreciam”. Aponta ainda que a atribuição da segunda estrela ao restaurante Feitoria, de João Rodrigues (Lisboa), permitiria corrigir “uma ‘injustiça’”.

Quanto aos espaços que, no próximo ano, poderão entrar para o guia, Duarte Calvão comenta que alguns ‘chefs’ estarão na gala de apresentação do guia de 2019, na capital portuguesa, como um indicador de que os seus restaurantes poderão ser contemplados. Um deles é Pedro Almeida, do Midori (Sintra), para quem “a estrela é mais do que merecida”, significando que “seria a primeira cozinha de influência oriental a receber uma estrela em Portugal”.

Outros espaços apontados como favoritos são a G Pousada (Bragança, ‘chef’ Óscar Geadas) e A Cozinha (Guimarães, António Loureiro), opinião corroborada pelo crítico de gastronomia Fortunato da Câmara, que refere aquelas cidades como “novos destinos gastronómicos a entrar no firmamento da publicação francesa”.

O crítico do semanário Expresso afirmou à Lusa que 2018 foi “um ano complicado” para a Michelin, com várias mudanças internas, incluindo a passagem à reforma do chefe dos inspetores do guia ibérico, o galego José Benito-Lamas, substituído pelo catalão José Vallés.

Razão pela qual Fortunato da Câmara vê como “diminuta” a possibilidade de atribuição da distinção máxima a um restaurante português.

Em declarações à Lusa, o responsável de comunicação do Guia Michelin Espanha e Portugal, Ángel Pardo, disse que 2019 será “um ano bom” e com “novidades importantes” para os dois países.

A gala da apresentação da próxima edição do guia Michelin ibérico decorre na próxima quarta-feira à noite no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, naquela que é a primeira vez, em dez anos, que esta cerimónia é organizada em Portugal.

Durante a festa, com cerca de 500 convidados, entre ‘chefs’, representantes institucionais e empresários, além de mais de cem jornalistas, sete restaurantes com estrelas Michelin da zona de Lisboa vão garantir o jantar, com cada espaço a oferecer três pratos e uma sobremesa.

A equipa de ‘chefs’ é composta por José Avillez (Belcanto, duas estrelas), Henrique Sá Pessoa (Alma), Joachim Koerper (Eleven), João Rodrigues (Feitoria), Gil Fernandes – em substituição de Miguel Rocha Vieira, que saiu recentemente (Fortaleza do Guincho), Sergi Arola (LAB by Sergi Arola) e Alexandre Silva (Loco), todos com uma estrela.

A organização da gala em Lisboa resulta de uma candidatura conjunta do Turismo de Portugal, Câmara de Lisboa e Associação de Turismo de Lisboa e está orçada, segundo o Governo, em mais de 400 mil euros.

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