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Um pequeno paraíso chamado Phuket

Na costa de Andaman existe um pequeno paraíso chamado Phuket.

Desamada por alguns, pelo turismo em massa, a ilha de Phuket não deixa de ser uma joia intersilhada. Em pleno Oceano Índico florejam praias exóticas que são um fidedigno brinde para os amantes da natureza. Mas toda a Tailândia oferece uma triagem incrível de ilhas e praias embevecidas. O nosso primeiro impacto nesta ilha foi uma inopinada surpresa e talvez daí haja uma dualidade de opiniões entre os viajantes.

Apinhadas de gente de todo o mundo, as ruas eram uma confusão total. Viam-se mais turistas do que propriamente nativos.

Fosse à direita, fosse à esquerda, um número exagerado de bares marcavam presença a cada metro, onde mulheres com corpos esculturais dançavam nos varões.

O mais engraçado, ou não, é que estas mulheres atiravam-se desalmadamente aos homens sem qualquer tipo de preconceito, estivesse a namorada presente ou não. Uma lata descabida sem qualquer tipo de pudor, a que muitas esposas ou namoradas não achavam qualquer tipo de piada.

Mas esta ilha não respirava apenas bares. A cada pernada éramos aliciados para fazer uma massagem. Porta sim, porta não, estes salões estavam enraizados por todo o lado e muitos viajantes deixavam-se cativar pelo preço. Uns míseros cinco euros por cada massagem.

Após esta noite emblemática, estampada de rostos universais pelas ruas de Phuket, no dia seguinte decidimos explorar esta ilha com mais calma.

Sendo que o mês de agosto é época baixa no Sudeste Asiático, não esperava de modo algum que a temperatura da água do mar fosse bastante elevada.

Para fugir um pouco de praias apinhadas por turistas ingleses, que gandulavam de cocktails na mão, bastava caminhar ao longo da costa e passado algum tempo desenlapávamos praias nutridas de charme e encanto. Algumas delas sem qualquer tipo de vestígio humano, entreunidas apenas pela bravura de rochas ou ramas. De volta à cidade, duas palavras teimavam em zumbir nos nossos ouvidos; tuk-tuk e massagem. Estas palavras ecoavam em cada rua e viela como um hino.

Malgrado este cânone repetitivo, os autóctones eram bastante simpáticos e divertidos. Na pousada, éramos sempre brindados com um enorme sorriso por parte dos empregados.

No dia seguinte, acordámos com alguma expetativa. Iríamos visitar as famosas ilhas Phi Phi, local onde foi filmado o filme A praia, no qual Leonardo di Caprio foi o ator principal. Tínhamos duas opções, um barco a passo de caracol ou outro mais rápido.

Decidimos ir no mais rápido, mas provavelmente tomámos a decisão errada.

Com algumas ondas mais bravas, por vezes o barco parecia um autêntico dromedário a remar por dunas aquáticas. Um sorriso aqui e ali, não deixou de se transformar rapidamente em alguns Ais” e Uis, principalmente após alguns turistas saltarem dos seus lugares e aterrarem noutros.

Tudo isto de uma forma gratuita, sem pagar nem mais um tostão. Com alguma angústia e desespero, alguns rostos pareciam o famoso quadro O gritode Munch.

Tentava não rir, pois havia mesmo quem se tivesse aleijado, e eu próprio, por várias vezes, adiava o meu voo com destino incerto por me segurar com bastante força ao banco.

Quando chegámos à baía Maia, ficámos sem palavras. Uma venustidade bucólica indescritível que mais parecia um conto de fadas. Uma aproximação lenta do nosso barco embalava-nos para um mundo imaginário bem real. Entre rochas escarpadas e águas salíferas de tons azul-turquesa, estávamos indubitavelmente perante um cenário sublime e a minha premonição inicial para este local tinha falhado por completo. Esperava sem dúvida alguma um lugar bonito, mas nunca uma formosura tão divina e bela.

A imagem daquela baía era um sonho. Tudo encaixava na perfeição e até as rochas com formas desmazeladas pareciam remendos para transmitir tal encanto e lindeza. Perante tal arquitetura bucólica em plena natureza, o seu estilo teísta hipnotizava qualquer um.

A sombra do adeus, numa praia encantada como esta, é sempre lamuriosa. A despedida é um flagelo, mas são estas relíquias que nos fazem sonhar e voltar sempre.

Luta-se com os ponteiros do relógio de duas maneiras. Ora somos unha e carne com o tempo, como rapidamente nos tornamos um Judas do próprio relógio.

Por um lado, existe uma ânsia e um apressar dos ponteiros para um encontro tão desejado. Por outro, quando estamos perante lugares como este, ansiamos pelo oposto, que os ponteiros estagnem.

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