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Viagem cultural à Polónia

Como professor de piano e com uma admiração tremenda pelas obras de Chopin, decidi viajar em 2010 à sua terra natal. Sendo aquele o ano em que se comemoravam os 200 anos do nascimento do compositor, seria sem dúvida uma viagem bastante diferente. Não iria propriamente em busca de aventura, mas sim ao encontro de todos os locais relacionados com o compositor. Por isso, não tenho qualquer intenção de enfadar os leitores desta crónica com todos os concertos a que assisti, assim como uma explicação minuciosa dos locais históricos que visitei em Cracóvia e Varsóvia. Em vez disso, pretendo relatar algumas das situações mais divertidas ocorridas durante a minha estadia na Polónia.

O meu objetivo seria visitar a cidade de Varsóvia onde Chopin viveu durante alguns anos. Sendo que o voo mais barato era para a cidade de Cracóvia, fiquei nesta cidade apenas um dia.

Visitei os lugares mais conhecidos e no dia seguinte apanhei um comboio para a cidade de Varsóvia. O que eu não estava nada à espera, era que a maioria das pessoas não falasse inglês. Meio perdido, consegui encontrar a estação de comboios e comprei bilhete com destino a Varsóvia. Após algumas horas, o funcionário veio revistar os bilhetes. Perguntei se havia alguma carruagem onde poderia fumar e ele respondeu-me que não. Pouco tempo depois, o mesmo funcionário veio ter comigo e perguntou-me se lhe arranjava um cigarro. Fiquei meio pasmado, pois minutos antes não se podia fumar no comboio. Proferiu que, se eu lhe arranjasse um cigarro, me deixaria fumar no comboio. Dei-lhe um cigarro e fomos para a última carruagem fumar às escondidas. Já em Varsóvia, visitei todos os lugares relacionados com o compositor Chopin, nomeadamente a casa onde nasceu, a alguns quilómetros da capital. De salientar que na capital encontrámos uns bancos bastante invulgares para nos sentarmos! Eram bem diferentes do que eu já alguma vez tinha visto, mas eram brutais. Tinham um pequeno botão que ao ser premido permitia ouvir uma obra de piano de Chopin. Sentados à espera de um autocarro ou apenas a descansar, estes bancos deliciavam nativos e turistas com algumas das obras mais famosas do compositor. Outro aspeto que me saltou à vista foram as raparigas polacas.

Ao contrário dos rapazes, que eram todos uns matulões de cabeça rapada, elas eram bastante giras e vestiam-se bem. Os rapazes pareciam todos iguais. Altos, corpulentos e desajeitados. Nem parecia que ambos os sexos eram da mesma nação.

No dia da minha partida, tinha de me deslocar a outra cidade para apanhar o avião.

A cidade de Lodz ficava a uma hora de Varsóvia e fui de autocarro. Quando cheguei à estação perguntei pelo aeroporto, mas ninguém percebia o que eu queria. Saí da estação e ao ver alguns taxistas, achei que estes iriam perceber de certeza o meu destino. Mas tinha-me enganado. Ninguém falava inglês, alemão ou francês.

Passado algum tempo, um rapaz foi bastante atencioso. Apesar de não falar a língua, fazia um enorme esforço para entender, mas só depois de eu levantar os braços e imitar um avião é que ele entendeu. Estava toda a gente pasmada a olhar para a figura de cromo que eu estava a fazer no meio da rua, mas finalmente alguém tinha percebido o que eu queria. O rapaz sorriu e indicou-me uma outra paragem de autocarros com destino ao aeroporto. Viajar é mesmo isto. É perdermo-nos. É não entendermos por vezes nada devido ao entrave da língua. Mas também são todas estas situações divertidas que tornam cada viagem especial e única.

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