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Videojogo português para crianças com cancro distinguido em concurso internacional

Um videojogo desenvolvido no Porto para promover a atividade física em crianças com cancro conquistou o primeiro lugar e um prémio de 50 mil dólares (cerca de 42 mil euros) num concurso internacional que distingue tecnologias para doentes oncológicos.

“O Hope pretende responder de forma eficaz a dois problemas existentes em crianças internadas com uma doença oncológica: a ansiedade e o elevado sedentarismo associados à hospitalização”, disse à Lusa Hernâni Zão Oliveira, estudante de doutoramento da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e investigador responsável pelo projeto.

Nesse sentido, foi criado um videojogo para ‘tablets’ e ‘smartphones’, que permite ensinar tópicos sobre o cancro através de ferramentas normalmente associadas ao entretenimento, com o intuito de promover o conhecimento sobre a doença e a atividade física para crianças entre os seis e os dez anos, explicou.

Segundo o investigador, os desafios propostos durante o jogo são ultrapassados através de uma tecnologia que possibilita o ‘exergaming’ (prática de exercício físico durante um jogo virtual), utilizando a câmara frontal dos dispositivos móveis.

“Toda a narrativa e o design deste jogo foram pensados para cruzar a perspetiva realista da doença oncológica, com base em fotorreportagens dos espaços hospitalares, com o mundo fantástico, onde os principais medos da criança se transformam em superpoderes da sua personagem”, indicou Hernâni Zão Oliveira.

Tendo em conta as constantes dúvidas e preocupações dos pais e cuidadores, a equipa desenvolveu igualmente uma aplicação móvel para acompanhá-los durante o tratamento da criança.

A informação contida nessa aplicação, contou o aluno, foi trabalhada com técnicas de infografia para tornar mais clara a complexidade científica associada aos procedimentos oncológicos.

A narrativa utilizada no videojogo foi também aplicada nesta aplicação, para que os pais possam utilizar as mesmas metáforas explicativas para dialogarem com a criança sobre a doença.

Hernâni Zão Oliveira conta ter as aplicações disponíveis para utilização no último semestre de 2018.

O videojogo integra o projeto Hope, distinguido no Astellas Oncology C3 Prize, um concurso internacional promovido pela multinacional Astellas Pharma, em parceria com o investidor Robert Herjavec.

A final deste concurso, no qual participaram mais de 160 projetos oriundos de 21 países, decorreu na quarta-feira durante a conferência anual da União Internacional para o Controlo do Cancro – World Cancer Leaders’ Summit -, no México.

O projeto português nasceu de uma parceria entre a Universidade do Porto (UP), o Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, do Porto, e a ‘startup’ de comunicação em saúde Bright.

Para o investigador, a conquista deste prémio é um “importante reconhecimento” para divulgar nacional e internacionalmente o potencial português no desenvolvimento de projetos multidisciplinares na área da inovação em literacia em saúde, “um campo de estudo ainda recente, mas altamente pertinente”.

O projeto Hope, finalista dos concursos “The Next Big Idea” e do “Prémio Nacional Indústrias Criativas”, deu origem ao desenvolvimento do primeiro laboratório português focado na Literacia em Saúde, o LACLIS – Laboratório de Criação em Saúde, sediado no Media Innovation Labs, o centro de competências da UP para os media.

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