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Conhece António Horta?

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Se lhe perguntarem por António Horta, de Beringel, Beja, que partiu há 50 anos para a Alemanha, e por lá ficou, talvez diga que não o conhece. Afinal, são muitos os portugueses que se encontram espalhados pelo mundo. Aconteceu no passado, como acontece agora. Muitas vezes partem para procurarem trabalho e uma vida melhor, levam na bagagem as marcas das suas origens, a língua e a gastronomia, e tornam-se regularmente os embaixadores de uma cultura com as suas experiências de vida, mas são sempre personagens únicas, com histórias originais para contar.

António Horta partiu com a família aos 16 anos e aterrou em Gelsenkirchen no ano de 1973. Esta cidade é conhecida por um dos mais famosos clubes da Alemanha, o Schalke 04, mas não foi para jogar futebol que emigrou.

Sem saber falar alemão, o seu primeiro trabalho foi a varrer limalhas numa fábrica centenária, mesmo no coração da indústria metalúrgica germânica. Aprendeu a língua local e a profissão, especializou-se, subiu a pulso, mas nunca pensou que um dia ia chegar a mestre de produção, ou diretor, e muito menos que um dia seria o responsável da Wilhelm Geldbach Industrie, uma empresa de prestígio a nível internacional.

Quando a firma corria o risco de encerrar, por via da competição dos produtos a baixo custo da China, António e a esposa recusaram-se a deixar cair um projeto nascido em 1903 e, em 2017, tomaram o comando, tornando-se empresários e mantendo a prestigiada empresa viva.

A solução encontrada foi radical. De 700, apenas 21 funcionários ficaram e a empresa teve que especializar-se no nicho do fabrico de peças especiais de ferro e aço inox de alta qualidade, destinadas a centrais nucleares, refinarias, indústria petroquímica, incluindo grandes clientes em Sines ou no Porto.

Perto da reforma, o associativista, membro do Conselho Consultivo das Comunidades em Düsseldorf e do Grupo de Reflexão e Intervenção – Diáspora Portuguesa na Alemanha (GRI-DPA), podia pensar em retirar-se, mas como “os 60 são os novos 40”, tem novas aspirações. O interesse pela vida política leva-o a candidatar-se ao cargo de Conselheiro das Comunidades Portuguesas.

António Horta tem também uma paixão pela cozinha portuguesa, publica receitas e organiza jantares associativos, é colaborador regular do BOM DIA e participa na divulgação das atividades de interesse das cerca de 39 associações na Alemanha, sendo reconhecido o seu esforço na ajuda em situações difíceis, na comunidade e mesmo em Portugal.

Em 2021, o “Compadre Toni”, como é carinhosamente apelidado em terras germânicas, foi agraciado com a medalha de mérito das comunidades, entregue pessoalmente por Berta Nunes, à data Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.

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