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Conto de Natal Ecológico

A história que vos vou contar em seguida é sobre uma embalagem de plástico, um pedaço de cartão e uma garrafa de vidro que viviam numa singela cozinha. Normalmente ignoravam-se pois cada um achava-se mais importante que o outro. A embalagem dizia: “ Eu demoro milhares de anos a desaparecer do planeta!”, enquanto a garrafa comentava: “ Eu sou muito mais resistente, demoro mais de um milhão de anos. O pedaço de cartão, por seu lado, achava tudo aquilo ridículo.

Já nem se lembravam como tinham ido ali parar, porque haveriam de estar a vangloriarem-se?

Todos os dias olhavam pela janela e observavam em redor. Viam pássaros, árvores e algumas sombras. Mas, aquilo que os unia e que os fazia suspirar eram três contentores. Três contentores que estavam instalados no outro lado da rua e que podiam muito bem ser o seu lar. Um era amarelo, outro azul e o terceiro verde. Os três materiais passavam horas e horas a observar todos os outros que conseguiam lá chegar. Um dia será a nossa vez, pensavam.

O tempo ia passando, a esperança ia diminuíndo e parecia que nada os fazia chegar perto do objetivo.

Certo dia, farto da rivalidade entre os outros dois, o cartão decidiu que teriam que tentar chegar sozinhos aos contentores. Os outros dois acharam a ideia completamente absurda. Como é que chegariam lá inteiros? A garrafa pensou logo que iria ficar em mil pedaços ao saltar daquele parapeito.

– É por isso que temos de nos unir. – explicou o cartão. – Iremos encontrar uma forma. A embalagem vai servir como teu protetor e eu como escorrega, por exemplo. Vamos conseguir, só temos de tentar. E se correr mal, pelo menos tentámos.

Os outros dois concordaram com a ideia e nos dias seguintes elaboraram o plano de fuga. Decidiram quem iria fazer o quê, como saltar pela janela e atravessar a rua. Combinaram que a data teria que ser precisamente dali a dois dias.

Quando chegou o ansiado momento, estavam os três prontos para a aventura. A embalagem estava um pouco mais reticente pois teria que proteger a garrafa de se partir no salto desde o parapeito da janela até ao chão.

O  cartão posicionou-se estrategicamente, exclamando que seria agora ou nunca. Um, dois, três! E lá foram os três, pensando somente no objetivo de chegar ao ecoponto. A embalagem de plástico deslizou pelo pedaço de cartão, carregando a garrafa às costas. O primeiro obstáculo foi ultrapassado com sucesso. O segundo passo seria atravessar a rua. Para isso, contavam com a ajuda da forma cilindrica da garrafa, que os fez rolar pela rua. Passando perigosamente por entre motas e automóveis, o segundo obstáculo foi também ultrapassado! Estavam estafados! Nunca pensaram ir tão longe! Estavam exaustos mas sabiam que tinha chegado o momento mais aguardado de sempre: Entrarem dentro dos respetivos contentores. Decidiram esperar um pouco para descansar e aproveitaram também para se despedir. Não sabiam se iriam cruzar-se mais alguma vez. Então até uma próxima, companheiros! E cada um seguiu para o ecoponto respetivo…

Este foi só mais um conto, daqueles em que tudo ganha vida e coisas absurdas acontecem. Na vida real, os materiais não precisam de ficar à espera para serem reciclados, pois não? Cabe a cada um de nós contar a sua própria história. A sua e do planeta. Porque se cada um fizer um pouco, juntos faremos muito.

(Versão adaptada à forma de reciclagem efetuada em Portugal.)

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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