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Do outro lado da janela

Vem-me pelos olhos adentro
inventa-me um único momento
deste lado da vidraça
(desejos de uma sombra fútil).
Já passou a barcaça,
a jangada da esperança
que trazia o vento como herança.

Vi-a aproximar-se
passar bem perto de mim,
ao longe depois afastar-se
rumo a um destino sem fim.

Deste lado da vidraça
não pude embarcar nela
nem corre nenhum rio
desenfreado para o mar
não passa nenhuma barca
com vontade de aportar
não me escorre a areia p’los dedos
nem me despenteia o vento os cabelos.

Aqui deste lado, apenas deixo passar a vida
do outro lado da janela.

JLC10061992
(Imagem: “Muchacha en la ventana”, pintura de Salvador Dali, 1925)

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