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Embaixador preocupado com exploração de portugueses no Luxemburgo

O embaixador de Portugal no Luxemburgo, António Gamito, alertou esta semana para o aumento de casos de portugueses explorados por empresas de construção civil, também elas portuguesas, naquele país e disse recear que a pandemia vá aumentar estas situações.

António Gamito falava à agência Lusa a propósito das denúncias de vários trabalhadores portugueses, alguns com idade avançada, que responderam a um anúncio de jornal para trabalho numa empresa de construção civil portuguesa no Grão-Ducado e acabaram a receber menos do que o prometido e a trabalhar muito mais e sem condições.

Segundo uma reportagem do Diário de Notícias da passada quinta-feira, os trabalhadores foram tratados “como escravos” pelo empresário português Helder Pereira, da empresa HP Construction.

A braços com o desemprego e aliciados por um ordenado mais elevado que o praticado na construção civil em Portugal, os portugueses tiveram mesmo de fugir, segundo o jornal.

António Gamito teve conhecimento do caso, o quarto desde que assumiu funções, há dois anos, e imediatamente denunciou a situação às autoridades luxemburguesas, nomeadamente o Ministério do Trabalho e a Inspeção de Trabalho e Minas daquele país.

Também comunicou a situação ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, uma vez que se trata de portugueses que são aliciados através de um anúncio de jornal português a um trabalho numa empresa portuguesa no Luxemburgo, que realizava obras neste país.

Segundo o diplomata, as autoridades luxemburguesas atuaram rápido neste caso, tendo encerrado a empresa de construção civil, ao mesmo tempo que abriram um inquérito.

Por seu lado, as autoridades portuguesas – nomeadamente o Ministério dos Negócios Estrangeiros – estarão “a agir em conformidade”, no sentido de apurar a localização do empresário português e averiguar se se trata de uma situação de tráfico e exploração de pessoas.

António Gamito tem assistido com preocupação ao aumento destas situações e teme que vão crescer ainda mais devido às consequências sociais e económicas da pandemia de covid-19.

“As pessoas estão sem emprego e são aliciadas em jornais por pessoas que têm negócios em Portugal e empresas no Luxemburgo”, referiu.

O diplomata sublinhou, contudo, que em nenhuma das situações os trabalhadores visados contactaram a embaixada ou o consulado de Portugal, o que na sua opinião se deve ao “medo do patrão português”.

Há cerca de um ano, a Lusa noticiou um outro caso de trabalhadores portugueses recrutados para trabalhar num hotel no Luxemburgo que se queixaram de exploração, de trabalhar 90 horas semanais, dormirem num sótão sem condições e coação por parte de uma portuguesa que gere o estabelecimento.

Os trabalhadores tiveram de fugir, enquanto a portuguesa responsável pelo hotel negou as más condições, alegando apenas que eles é que não queriam trabalhar.

 

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