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Fraseologias frágeis de fé

– O poema é “impec”! – diz a Mary.

Os perecimentos são quase todos extemporâneos. Se nos forem queridos nem aos cento e vinte anos é tarde. É triste, como quase todas as mortes.

– O filho, o Rui tinha dez anos?

Sim, Mary.

– Eram oito filhos?

São. São.

– Como foi possível à mãe criá-los todos?!

Boa pergunta, Mary! Nunca colocaram essa questão ao Rui. Creio que os criou normalmente. Mataram um deles em data nefasta, escura…

– A mãe do Rui teve ajuda de alguém?

O quê? Quem? Quando? Onde? Porquê? Como? O mais pequeno fez-se às aulas!

– Mulher de guerra!

Parte dos filhos eram casados. O Rui não tem memória de dois irmãos menos novos terem casado.

– Ainda bem que já eram adultos.

Pois. O Rui ia com o padrinho passear… Olha… a Espinho. Mas não lembra de lá nada.

– Passava por filho do padrinho…

O filho dele tem menos de três anos que o Rui…

– Queres dizer que o filho mais novo é?

Uia, Mary! Vai com calma… Não estou a entender puto.

Mary! O Rui continua baptizado, crismado. Certo? Mas a vida bule. Bule muito, felizmente. Também faz por isso e apenas cansa. Agora, aqui – não a brincar, mas completamente a sério: É um servo…
Faça-se nele a sua palavra.

Entendes? Quando os deuses quiserem que o tomem para o que entenderem. Aliás, o Rui está tomado por eles. Que o façam bulir, acreditar no que for melhor.

Assim seja.

– Agora vou sair. Não pára de chover.

Vai com Deus e as almas santas, Mary.

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)

 

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