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Julião Sarmento: exposição imperdível na Gulbenkian de Paris

Julião Sarmento mostrou-se satisfeito com a seleção de obras escolhidas pelo comissário Ami Barak para a exposição a inaugurar quarta-feira, na Gulbenkian de Paris, sublinhando, porém, que seria possível fazer uma mostra “em que não entrasse nenhuma mulher”.

“O meu trabalho tem muitas vertentes. Tem uma vertente fortemente literária, arquitetónica, cinematográfica. [O comissário Ami Barak] escolheu esta vertente do erotismo que é bastante visível aqui. É uma espécie de ‘one trick pony’. Parece que eu só faço isto, mas não é verdade, faço muitas outras coisas (…) Tenho quase 50 anos de trabalho, podia fazer milhões de exposições, todas diferentes. Podia fazer exposições em que não entrasse nenhuma mulher”, afirmou Julião Sarmento.

“Julião Sarmento. La chose, même – the real thing” é o título da exposição, comissariada pelo crítico Ami Barak, que faz referência a uma série do artista com o mesmo título e à instalação “The Real Thing” (2010), na qual 121 molduras, com imagens de mulheres, na maioria, nuas, ficam expostas em cima de uma mesa.

A mostra fica patente a partir desta quarta-feira, até 17 de abril, e constitui “um panorama das obras de Julião Sarmento”, descrito como “o artista do desejo”, pelo comissário da mostra.

A presença feminina marca o percurso da exposição, seja através da fotografia, da pintura, da escultura ou do vídeo, estando marcada para 31 de março a inauguração, no pátio da Gulbenkian de Paris, de “uma escultura ‘vestível’”, chamada “Marie”, inspirada na “Petite Danseuse de 14 ans”, de Edgar Degas, que conta com a colaboração do diretor criativo da Lacoste Felipe Oliveira Baptista.

“O vestido começa-se a deteriorar com o tempo, com a chuva, com o sol, mas a escultura fica sempre lá. Quando o vestido estiver completamente podre, há um lado giro de descoberta e de experimentação que é uma coisa que me interessa”, descreveu Sarmento, acrescentando que, em vez de ser ele a fazer o vestido, decidiu convidar Felipe Oliveira Baptista, que mora em Paris.

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Julião Sarmento, de 67 anos, tem obras presentes em cerca de 70 coleções internacionais, incluindo no Centre Pompidou, em Paris, no Museu Guggenheim e no MoMA, em Nova Iorque, na Tate Modern, em Londres, tendo representado Portugal na Documenta de Kassel (1982, 1987), na Bienal de Veneza (1997) e na Bienal de São Paulo (2002)e sido alvo de uma retrospetiva na Fundação Serralves (2012) e no MAMAC de Nice (2014).

O artista tem, também, uma vasta coleção de arte contemporânea e, questionado se consideraria vendê-la ou se foi contactado pela Fundação EDP nesse sentido – à imagem de Pedro Cabrita Reis -, respondeu que não foi contactado nem consideraria vender a sua coleção.

“Não me importaria de ter um sítio em que o público pudesse usufruir das coisas que eu tenho, que não estivessem fechadas. Gostaria muito e estaria disposto a partilhar aquilo que eu tenho com as pessoas, mas para isso é preciso um sítio, como é óbvio”, acrescentou, indicando que há “negociações” nesse sentido, sem indicar com quem, mas negando que seja com a Fundação EDP.

A exposição “Julião Sarmento. La chose, même – the real thing” faz parte do programa do cinquentenário da Gulbenkian de Paris, o qual vai ser marcado pela retrospetiva no Grand Palais da obra do pintor Amadeo de Souza-Cardoso, de 20 de abril a 18 de julho, e por uma mostra sobre os últimos 50 anos da Arquitetura Portuguesa, na Cité de l’Architecture et du Patrimoine, de 13 de abril a 29 de agosto.

Estas iniciativas fazem, ainda, parte do “Printemps Culturel Portugais” (“Primavera Cultural Portuguesa”) que, nos próximos meses, vai reunir vários artistas portugueses, em espaços emblemáticos da capital francesa.

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