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Macau proíbe eleição de candidatos “não patriotas”

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O parlamento de Macau aprovou esta segunda-feira por unanimidade a alteração à lei eleitoral para o chefe do Governo, que prevê a exclusão de candidatos considerados não patriotas, sem direito a reclamação ou recurso junto dos tribunais.

A alteração à legislação que define as regras para a eleição do chefe do executivo recebeu luz verde em menos de uma hora, com todos os deputados que pediram a palavra a manifestarem apoio à lei que, explicou o Governo na apresentação, é “mais um passo na implementação do princípio ‘Macau governado por patriotas'”.

Princípio que esteve sempre presente nas várias intervenções de apoio no plenário: “Aquando das eleições, temos de fazer refletir a importância do patriotismo e também da implementação do princípio ‘Macau governado por patriotas’”, disse Cheung Kin Chung, do grupo de deputados nomeados pelo chefe do executivo.

“Enfrentamos novos desafios e temos de concretizar plenamente o princípio ‘Macau governado por patriotas’”, notou a deputada eleita por sufrágio direto Wong Kit Cheng.

A proposta de lei aprovada na generalidade estabelece que os candidatos à eleição para o cargo político mais alto de Macau “têm de apresentar uma declaração sincera, devidamente assinada, da qual conste que defendem a Lei Básica e são fieis à RPC [República Popular da China] e à RAEM [Região Administrativa Especial de Macau]”.

Também o exercício do cargo de membro da Comissão Eleitoral, que elege o chefe do executivo, depende da apresentação de uma declaração de defesa da Lei Básica [miniconstituição de Macau] e de fidelidade à região administrativa e à China.

Segundo a revisão eleitoral, compete à Comissão de Defesa da Segurança do Estado determinar “se os participantes defendem a Lei Básica e são fiéis à RAEM da RPC, bem como emitir parecer vinculativo” para a Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE) “sobre a verificação de desconformidades”.

Da decisão da CAECE de que um participante não possui a capacidade para ser candidato “não cabe reclamação nem recurso contencioso”, estabelece a proposta.

A impossibilidade de recorrer aos tribunais foi um dos poucos pontos criticados durante a sessão, com o deputado Ron Lam U Tou (eleito por sufrágio direto) a pedir “uma atitude de abertura” ao Governo.

“Concordo com o princípio de recurso contencioso e acho que é direito dos participantes nas eleições”, referiu, salientando, porém, apoio à iniciativa legislativa.

Dúvidas também deixadas pelo deputado quanto à criminalização ao apelo público à abstenção e ao voto em branco ou nulo, que se propõe punir com pena de prisão de três anos. Apesar de ser contra este “ato de incitamento publico”, Ron Lam disse ter “algumas reservas”, notando que a lei de defesa da segurança do Estado “consegue resolver o problema”.

O chefe do executivo é escolhido por uma Comissão Eleitoral composta por 400 membros, representativos dos quatro setores da sociedade.

A Lei Básica define os quatro setores da sociedade como: industrial, comercial e financeiro; cultural, educacional, profissional; do trabalho, serviços sociais, religião; representantes dos deputados à Assembleia Legislativa e dos membros dos órgãos municipais, deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional chinesa e representantes dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

Segundo referiu hoje o secretário para a Administração e Justiça de Macau, André Cheong Weng Chon, o Governo espera ver a proposta de lei aprovada até ao final do ano, já que em 2024 se realizam eleições para o chefe do executivo.

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