Durante a campanha para as eleições autárquicas em Vila Velha de Ródão fui apelidado, por alguns, como sendo “o Francês”.
Para mim ser apelidado de “francês”, ou de “avec” ou de “emigrante” é algo ao qual, infelizmente, estou habituado porque já os meus familiares e muitos dos meus amigos que residem na pátria de Voltaire assim são tratados há muitos anos. No entanto, isso não os impediu de contribuir, de forma clara, para o desenvolvimento da sua terra e eu pergunto: o que seria o nosso país, muito particularmente no interior, sem o contributo dos “franceses”, dos “alemães”, dos “brasileiros ” ou dos “americanos ?
É por isso que é para mim um orgulho ser associado às gentes da emigração.
Assim nada disto é realmente novo a não ser que esta atitude é a demonstração clara da falta de argumentos e, sobretudo, de ausência de respeito democrático dos mesmos que têm contribuído para o abandono e desertificação do Concelho de Vila Velha de Ródão . Estou a falar de um Concelho que hoje tem apenas 2900 eleitores e, sendo um dos concelhos mais envelhecidos do país, tem realmente o seu futuro altamente comprometido.
No entanto, aquilo que a todos deve preocupar é o facto de um partido político tenha candidatos às eleições autárquicas que fazem discriminação entre portugueses e que assumem este tipo de posições que são inadmissíveis em Democracia.
É também este tipo de discursos que temos ouvido ao longo dos anos de alguns que receiam a participação política das comunidades portuguesas.
Aqueles que me conhecem sabem que defendo a participação da diáspora nas eleições autárquicas mediante um conjunto de condições.
Face a este tipo de comportamentos mais motivado fico para este combate.
Quando se utiliza esta argumentação em campanha eleitoral está-se a desrespeitar todas as gentes de Ródão que viram os seus avós, os seus pais ou hoje os seus filhos emigrar.
Um concelho como o nosso se não contar com todos – os de cá e os de lá – estará, certamente, a comprometer o seu futuro.