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Portugal

O partido que “mais ama a Europa” já tem candidatos ao Parlamento

O secretário-geral do PS, António Costa, confirmou este sábado Pedro Marques como o cabeça de lista socialista às eleições europeias e apontou Portugal como um exemplo para a Europa.

“Não quero passar do complexo do bom aluno que tivemos muitas vezes para a arrogância de querermos ser bons professores, mas também não quero ter a falsa humildade de dizer com todo o orgulho de que somos um bom exemplo para a Europa. Apesar de sermos um país pequeno, nunca nos apoucámos perante o mundo e nunca fechámos a nossa fronteira para receber aqueles que nos procuravam”, disse o secretário-geral dos socialistas, ao intervir no final da Convenção europeia do seu partido, que se realizou este sábado em Vila Nova de Gaia.

A referência ao exemplo europeu foi idêntica, aliás, à do convidado Frans Timmermans, o candidato dos socialistas europeus que também interveio na Convenção do PS, partido que considerou “inspirador” para si próprio e para a Europa.

António Costa definiu o PS como o partido que “mais ama a Europa”.

“A Europa foi o nosso primeiro amor e nunca duvidámos dele”, declarou, acrescentando que o seu partido é mesmo o que “melhor defende a Europa”.

A fim de justificar a escolha de Pedro Marques para cabeça de lista – a quem cedeu depois o palco para encerrar a Convenção, o secretário-geral afirmou que o PS sempre escolheu “os melhores dos seus quadros” e “dos seus recursos”.

Costa não se eximindo de referir que, nas várias lutas eleitorais, “umas vezes perdemos, umas vezes ganhámos por muito, outras vezes ganhámos por poucochinho”, numa alusão à célebre frase com que iniciou a disputa à liderança do PS ao anterior líder, António José Seguro.

Estas eleições serão, para o líder socialista, as mais importantes de sempre, devido ao crescimento das forças nacionalistas e populistas.

Esta mesma tecla foi sublinhada tanto por Pedro Silva Pereira como por Francisco Assis, que apontaram o “extremo perigo” para a Europa daquelas forças.

“É um confronto de vida ou de morte”, disse Silva Pereira, apontando o dedo não só ao nacionalismo populista eurocético, como ao centro direita que recusa a solidariedade europeia, por traduzirem ambos uma forma de egoísmo, “destrutiva” para o projeto europeu.

Francisco Assis, que abriu a Convenção com um discurso muito aplaudido, anunciou que não será candidato às europeias, mas que a sua luta política se manterá aqui, pelo PS.

Neste contexto, Assis citou primeiro o poeta Alexandre O’Neill: “Ele não merece mas voto PS” e, depois, fez uma segunda citação, também de carácter irónico, do antigo primeiro-ministro britânico Winston Churchill: “Somos o pior de todos os partidos à exceção de todos os outros”.

O eurodeputado – que manteve a sua atitude crítica face à solução governativa – não deixou porém de salientar que o PS “não decaiu” na defesa do europeísmo. E, preocupado com a situação europeia, referiu-se à “germanização da Europa”.

“Hoje a Alemanha é tão mais forte do que os outros países europeus que corremos o risco de uma germanização da Europa. Esse é verdadeiramente um dos problemas com que estamos confrontados”, disse, apesar de ter salientado o seu “imenso respeito” pela democracia alemã.

Ao mesmo tempo, defendeu a aproximação à Rússia, que considerou “essencial ao equilíbrio europeu”.

Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República e antigo líder socialista, que também interveio na Convenção, é que já tem dúvidas se “a Europa continua connosco”, como há 40 anos se pensava.

O populismo esconde deliberadamente as verdadeiras causas das desigualdades sociais e territoriais, escolhe alvos fáceis como o emigrante, a Europa, ou as identidades minoritárias”, disse Ferro Rodrigues. “Os novos movimentos populistas não são mais do que as novas vestes da velha extrema-direita racista, autoritária e violenta”.

Ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, coube o papel de “atacar” as candidaturas dos outros partidos, considerando que praticamente todos eles apresentavam “caras do passado”.

O governante adiantou que os portugueses não podem entregar a bandeira do futuro “às mesmíssimas caras” que fizeram seu o hino ‘ir além da `troika´’, referindo-se ao PSD e CDS-PP.

“Foram aqueles responsáveis, falo do PSD e CDS-PP, quer os que ainda lá estão, quer os que saíram para formar novos partidos”, vincou.

O cabeça de lista do PS às eleições europeias, Pedro Marques, acusou também o seu adversário social-democrata Paulo Rangel de pretender apagar da memória afirmações contra o atual Governo, prevendo que Portugal se sujeitaria a novo resgate.

Definindo-se como um jovem “nascido numa freguesia humilde e de gente trabalhadora”, Pedro Marques disse que os socialistas não querem nem “a Europa da ‘Troika’ nem a Europa do ‘Brexit’”, mas “uma Europa unida, solidária, que não se fragmenta e não embarca em aventureirismos”.

“Quero daqui, de Vila Nova de Gaia, do norte do país, deixar o compromisso de que, nesta campanha, tudo farei para discutir as questões europeias com a maior profundidade possível. Espero que os meus adversários me acompanhem na tentativa de que as nossas discussões sejam elevadas, úteis e esclarecedoras”, declarou, num recado aos cabeças de lista das restantes forças políticas.

Pedro Marques disse aceitar o combate político, “mas esse debate deve centrar-se em propostas e em ideias” porque, no seu entender, “os portugueses penalizarão os que escolherem o caminho do populismo e do bota-abaixo”.

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