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Onde serão as principais comemorações do 25 de Abril em Portugal

A um ano dos 50 anos do 25 de Abril, as comemorações da “Revolução dos Cravos” vão para as ruas, com debates, música, mas também estarão nas redes sociais.

Numa entrevista à agência Lusa, em março, Maria Inácia Rezola, comissária das comemorações do cinquentenário do 25 de Abril, afirmou que, pela sua experiência dos últimos meses no cargo, vê um “país em ebulição”, que quer celebrar e festejar Abril. 

Veja a seguir os destaques do 49.º aniversário do 25 de Abril:

Lembrar o que #NãoPodias fazer antes de 1974

As comemorações em Lisboa vão ser descentralizadas, com um núcleo no Palácio Baldaya, em Benfica. Haverá “uma campanha nas redes sociais, dirigida sobretudo aos mais jovens, intitulada #NãoPodias, tentando alertar e levar a uma reflexão sobre o que é que se podia e o que não se podia fazer antes do 25 de Abril” de 1974, explicou à Lusa Maria Inácia Rezola, historiadora e comissária das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. 

A comissão apela aos “mais jovens para que não deem a liberdade por adquirida, desafiando-os a escolherem uma de várias proibições impostas aos portugueses durante a ditadura” e a partilharem “as suas reflexões nas plataformas digitais”. 

Não se podia beijar na rua, votar livremente, discordar, viajar, reunir, ser europeu ou ter acesso gratuito à saúde são alguns dos #NãoPodias que a comissão vai recordar.

Festival 2504, com música e debates

Em abril, a comissão junta mais um festival, especialmente dedicado aos jovens: vai “dar” música, mas também ‘workshops’, visitas guiadas à exposição sobre Amílcar Cabral no Palácio Baldaya e várias conferências ao longo dessa semana do 25 de Abril.

No Palácio Baldaya, em Lisboa, haverá, até dia 24 de abril, debates, com jovens, sobre três das proibições existentes antes de 1974: não se poder votar, não poder expressar-se ou ainda querer ser europeu. 

Em 23 de abril, atua o Grupo Coral “Planície Cantada” e o espetáculo “Cantigas da Liberdade”, do músico Sebastião Antunes, mentor do grupo Quadrilha. 

No dia 24, atuam os Alma de Coimbra e, no dia 25 de abril, o músico brasileiro Lenine. Ainda no dia 25, há o espetáculo “Liberdade, Nu Bai!”, com Rutthe Lopes, Soraia Morais, Rúben Torres, e Gisela Casimiro, acompanhados por Djodje Almeida na guitarra e Emílio Lobo na bateria.

Debates e mais debates

Também de hoje a dia 25, o Gerador, plataforma independente de jornalismo, cultura e educação, vai organizar um debate por dia. 

O primeiro é sobre o Sistema Eleitoral Português, com José Santana, professor de Ciência Política no Iscte – Instituto Universitário de Lisboa. 

No dia 23, a discussão é sobre “O que é a música de intervenção hoje?”, com Francisca Cortesão, cantora, compositora e multi-instrumentista. 

No dia 24, o tema é “Abril por abrir: a via da raça continua por fechar”, com Paula Cardoso, fundadora da comunidade digital Afrolink, que dá visibilidade a profissionais africanos e afrodescendentes residentes em Portugal ou com ligações ao país. 

No dia 25, o desafio, com Hugo Henriques, designer gráfico e ilustrador, é fazer um cartaz sobre o 25 de Abril. 

Partidos de esquerda na rua

Os partidos de esquerda estarão representados no tradicional desfile do 25 de Abril, na Avenida da Liberdade, em Lisboa. A Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril faz um apelo para se “combater ideias e ações que ataquem Abril e a Constituição” numa altura em que surgem “expressões reacionárias” racistas e antidemocráticas. O PS é um dos partidos que subscreve o texto da comissão em que se apela à resposta “ao clamor” dos profissionais da Educação. 

Arraial dos Cravos em Lisboa

O Arraial dos Cravos, organizado por várias associações, está de regresso ao Largo do Carmo, em Lisboa, na véspera do 25 de Abril. Com música, dança e gastronomia no largo onde, há 49 anos, os soldados do capitão Salgueiro Maia forçaram a rendição de Marcello Caetano, o primeiro-ministro deposto pelo movimento dos capitães. A organização é da Associação Abril, Abril é Agora e Movimento Cívico Não Apaguem a Memória. 

“Unidos Venceremos”, a 01 de Maio

O Dia do Trabalhador, em 01 de Maio, marcará a abertura de uma exposição com o título “Unidos Venceremos”, sobre “as greves e os protestos na reta final do regime”, organizada pela comissão das comemorações. Esta é uma exposição comissariada por Pacheco Pereira, do arquivo Ephemera, e que vai ter um polo em Lisboa e um polo em Barreiro, distrito de Setúbal.

Um verão para lembrar os Liberais do regime

No verão, é a altura de evocar o encontro dos Liberais, em junho 1973, em que “os célebres deputados da ala liberal [Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Mota Amaral, Miller Guerra, por exemplo] que tinham deixado a Assembleia Nacional decidiram refletir sobre qual o seu lugar no quadro político e no futuro político do país”. É mais uma iniciativa da comissão liderada por Inácia Rezola.

Regresso ao monte de Alcáçovas onde nasceu o MFA

Até final do ano, será ainda evocada a primeira reunião plenária do movimento dos capitães de 09 de setembro, que juntou 95 capitães, 39 tenentes e dois alferes. É considerada a reunião fundadora do Movimento dos Capitães, mais tarde rebatizado de Movimento das Forças Armadas (MFA). O reencontro será no local onde aconteceu há 50 anos – no Monte do Sobral, em Alcáçovas, a 30 quilómetros de Évora, e que hoje é um empreendimento de turismo rural. 

Em dezembro, será lembrado outro encontro do movimento, em 01 de dezembro de 1973, “tão decisivo e tão importante em que se começou a perspetivar que o golpe de Estado era a via para acabar com o regime”, como recordou a historiadora e comissária. Foi a famosa reunião de Óbidos.

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