No Dia Internacional do Turismo, a 29 de setembro, a Confederação do Turismo de Portugal organizou a VII Cimeira do Turismo Português e aproveitou a oportunidade para reunir os diversos atores do setor: políticos, empresários e investidores afluíram ao Convento de Mafra.
Francisco Calheiros, o anfitrião, aproveitou a presença do primeiro-ministro para apelar a uma economia mais competitiva, mais conectada e mais sustentável.
Vamos por partes: Portugal não tem uma cultura meritocrática, com exceção do futebol.
Esperar racionalidade na utilização de recursos públicos, uma estratégia coerente de conectividade com o espaço europeu e a sustentabilidade social e ambiental do país resolveria, a prazo, 99% dos problemas comuns, mas seria incapaz de atrair a simpatia dos eleitores, focados nos seus problemas individuais e atuais.
Na mesa redonda dedicada ao setor dos transportes, o presidente da ANA – Aeroportos, José Luís Arnaut, sublinhou que 94% dos turistas chegam a Portugal por via aérea, promovendo 20% do PIB.
Fernando Nunes da Silva, representante da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transportes, denunciou a falta de estratégia para a conectividade, uma vez que as ligações ferroviárias negociadas com Espanha previam a instalação do novo aeroporto na Ota.
Agora, com a opção aeroportuária no Campo de Tiro de Alcochete, que desvia para a margem esquerda a via principal da Alta Velocidade, a conectividade à rede ferroviária passará por um ramal de ligação deste eixo à cidade de Lisboa, com óbvias latências para os lisboetas.
No capítulo da sustentabilidade, Lisboa e Porto devem ao Alojamento Local a recuperação dos edifícios nas suas zonas históricas, a dinâmica económica e a empregabilidade dos mais vulneráveis.
Mas também é correto afirmar que este desenvolvimento reduz a disponibilidade de imóveis para habitação, o que terá de ser compensado em zonas com conectividade a estas cidades.
Com a atual estrutura da economia portuguesa, não é possível manter os baixos níveis de desemprego sem a presença de alojamentos turísticos nas principais cidades.
Roberto Antunes, responsável do Centro de Inovação do Turismo de Portugal fez um apelo aos empreendedores para recorrerem às estruturas existentes para melhorarem a experiência do turista, melhorar a eficiência e o desempenho suas unidades.
Pedro Machado, Secretário de Estado do Turismo, sublinhou a importância da digitalização na equidade do sector, na construção de uma estratégia e cooperação global e na resposta às expectativas das pessoas que nos visitam.
É indesmentível que o setor do turismo é o principal motor do crescimento económico de Portugal. Mas também é verdade que Portugal adormeceu há muito tempo para a ambição de ser um país desenvolvido, competitivo e coeso.
Ainda vamos a tempo?
Frederico Lucas