De que está à procura ?

Colunistas

“Patria o muerte, venceremos!”*

© DR

Parei neste momento de fazer as malas, para descansar uns minutos, e refletir.

Saio amanhã, dia 2 de Março, de carro para Espanha, mas regresso atempadamente a 9 de Março para votar, pois faço parte do grupo indignado dos 71 0/0 de portugueses que consideram que o país vai pelo caminho errado, e do grupo de 60 0/0 de portugueses duplamente indignados que consideram que está na hora de mudar. São estes os resultados a que chega a última sondagem SIC / Expresso que vi ser comentada nos breves minutos do Jornal da Noite de 1 de Março a que tive paciência para assistir.

Pessoalmente não acredito demasiado em sondagens, pois a aderência das mesmas à realidade tem demonstrado ser miserável nos últimos anos. Além do mais é um facto mais do que conhecido de que elas são vilmente manipuladas, pois infelizmente, queiramos ou não, as sondagens influenciam os eleitores (sobretudo os menos politizados, e os com menor formação cultural e académica), e por isso mesmo os políticos com menos escrúpulos, mesmo os que as desvalorizam e criticam, acabam por ajustar o rumo das suas campanhas, mudar comportamentos, e até calibrar as suas mensagens em função do que elas indicam. 

Estou hoje plenamente convicto que as sondagens que mais afastadas ficam dos resultados finais verificados após as eleições, são as que foram manipuladas a belprazer e a mando de um partido, para tratar de influir no sentir desse eleitorado menos esclarecido e menos politizado, de peso eleitoral esmagador em Portugal, como sabemos.

Como dizia o politólogo que apareceu na SIC a comentar a sondagem (pareceu-me sério, profissional e isento, como muito poucos dos comentadeiros e comentadeiras tipo “Anabela Nuno Santos” o são), as sondagens não são votos, indicam intenções e tendências (quando não manipuladas, digo eu). E o que esta sondagem indica é que neste último mês de Fevereiro houve duas coisas que mudaram, e podem ser significativas

1) O Chega, com uma percentagem de intenção de voto ainda claramente acima da votação que teve em 2022, caiu fortemente em relação às intenções de voto que tinha na sondagem de início de Fevereiro. 

O homem não o disse, mas digo eu: as pessoas começam a aperceber-se que o Chega é uma mão cheia de nada, um partido liderado por um político mercenário, para quem os fins justificam os meios. Tanto andaram a querer cercá-lo sanitariamente, que não permitiram que o partido amadurecesse, recrutasse quadros com valor, e passasse das propostas populistas absurdas, para propostas de valor realizáveis para o país. Quando alguém diz em campanha que vai subir as pensões todas para o patamar do salário mínimo, ou que vai abolir as portagens nas autoestradas portuguesas, todas elas, está a “gozar com quem trabalha”, e a aproveitar de forma miserável a pouca politização e formação do grosso das hostes da esquerda, para ganhar votos com mentiras. Não deixa de ser curiosa a migração de votos do PC para o Chega no Alentejo, o bastião da Mortágua e do PC !

2) A AD sobe quer nas intenções de voto diretas (incluindo os indecisos), quer nas estimativas de intenções de voto.

Há nesta sondagem um dado importante, que permite compará-la com outras de períodos anteriores, sobretudo com a de 2022. Há uma erosão clara nos dois segmentos da sociedade em que o PS desde 2015 teve um apoio muito forte, desproporcional mesmo: os pensionistas e as pessoas com qualificações mais baixas, que são os segmentos que são comprados pelo PS, com as atualizações periódicas de pensões, e do salário mínimo. 

Há muita gente zangada neste segmento, pelos dois anos de maioria absoluta traduzida em governação soberba, incompetente, arrogante e miserável do PS, que claramente (ver números acima) acha que o país vai mal, o rumo não é o correto, e está na hora de MUDAR. Esta gente está a sofrer na pele a erosão dos serviços públicos em geral, mas muito em particular do SNS.

Um alerta fica no entanto. Aqueles que estão bem posicionados para ser o gatilho dessa mudança, terão uma semana absolutamente crucial. Quando a diferença é pequena, o apelo ao voto útil funciona mesmo. Da mesma forma que o apelo a uma maioria absoluta, tendo em conta as experiências que o povo português teve neste século XXI com Sócrates e Costa, é dar um tiro no pé, e assustar os eleitores. Neste momento há uma dinâmica favorável à AD, a uma mudança efetiva de paradigma, de gente que está farta da esquerda inepta. Cometer erros primários (arrogância e “cantar de galo” são os piores deles), e desaproveitar esta dinâmica de vitória, seria imperdoável.

Cá estarei pontual de regresso no dia 9, e lá estarei a depositar o meu voto no dia 10 de Março. Faltar ao compromisso de votar não é crime, mas é moralmente inaceitável quando se trata de salvar um país em que 71 0/0 dos inquiridos dizem estar a ir por um caminho errado ! 

Pelo que vos é mais sagrado, caros leitores, a 10 de Março saiam a votar ! Isto para evitar que o espírito de Cuba nos venha a ensombrar, como dizia recentemente Pedro Soares dos Santos.

Viva Portugal!

José António de Sousa

* Fidel Castro, 5 de Março de 1960, José de Sousa 1 de Março de 2024 (sem o dramatismo da “muerte”)

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA