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Primeira manhã

A terra está húmida
como no princípio do mundo
o vento sopra levemente sobre a planície
a montanha soberana do horizonte
o céu coberto com um véu translúcido
e a claridade opaca
da tempestade que já passou.

A chuva cai agora silenciosamente
sobre a cidade dormente
como se quisesse repetir
o choro da minha alma
e espalhar sem glória
as minhas lágrimas
por sobre a terra árida
num vão esforço de fertilidade.

Os rios correm à minha frente
e turvam-se constantemente,
relatos de dor da minha instabilidade.
A manhã ausenta-se sob o jugo impassível
das sombras que se esbatem
a água fria abate-se sobre mim
e enche-me os olhos e a garganta
os telhados tristes fitam o céu
que se impõe a cada gota
como um gume gelado e inexorável.

Primeira manhã.

Daniela d’Ávila

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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