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Restauração portuguesa em Inglaterra na hora de recuperar

Reabrir o restaurante em Norwich no sábado com apenas 60% da capacidade após o confinamento vai ser um desafio e um teste à sobrevivência, apesar de a lotação estar esgotada para este fim de semana, adiantou o português Jorge Santos. “A quantidade de clientes que vamos poder atender é tão reduzida que é quase impossível, mas vamos ter de viver assim nos próximos três meses para ver se conseguimos aguentar”, disse o proprietário. A partir deste sábado, restaurantes, cafés e bares vão poder abrir em Inglaterra depois de mais de três meses encerrados, no âmbito da terceira fase do desconfinamento desenhado pelo Governo britânico. 

O objetivo é retomar a atividade económica e evitar o colapso de um dos setores mais afetados pela pandemia de covid-19, que emprega cerca de 3,2 milhões de pessoas e gera anualmente 130 mil milhões de libras (144 mil milhões de euros).

As orientações emitidas pelas autoridades determinam que continue a existir distanciamento social, reduzido de dois metros para pelo menos um metro, a proibição de atendimento ao balcão e a música deve ser mantida num volume baixo para evitar que as pessoas precisem de gritar, o que agrava o risco de transmissão do vírus.

Os clientes são incentivados a fazer reserva com antecedência e os estabelecimentos obrigados a registar os dados pessoais para permitir o rastreamento de contactos se um deles for declarado infetado.

Para Jorge Santos, estas regras vão reduzir o serviço de proximidade oferecido aos frequentadores do restaurante “Jorge’s”, a maioria britânicos com segundas residências ou outros laços com Portugal.

“É complicado, porque não vêm só para comer, mas para sair de casa e passar um bom bocado, e assim parece que estão a ser interrogados”, afirmou.

Em Londres, Max Graham, proprietário do “Bar Douro“, confessou estar “desesperado” para reabrir este sábado, depois de três meses com um funcionamento muito reduzido, limitado à venda de vinho pela Internet e alguma venda de comida para fora.

O espaço na zona de London Bridge vai ter limpezas profundas, dispensadores de gel desinfetante, um painel de acrílico entre a cozinha aberta e o resto do restaurante, sinais no chão sobre as regras de segurança de distanciamento social, mas só vai ter disponível metade dos lugares.

“Vamos ter custos adicionais, mas temos de recomeçar a funcionar. Eu acredito que vamos recuperar, mas vai demorar”, disse.

Graham tinha aberto um segundo restaurante junto ao centro financeiro da capital britânica em fevereiro, que recebeu boas críticas, mas este vai continuar encerrado enquanto a maioria dos escritórios continuarem sem funcionários.

“Foi um grande investimento, mas não vamos desistir”, garantiu, relevando que o senhorio aceitou suspender a renda durante este período.

O café e mercearia “A Portuguese Love Affair“, também em Londres, no bairro de Bethnal Green, não vai abrir já este sábado, adiantou Dina Martins, uma das proprietárias.

“Vamos esperar para perceber como é que as pessoas se vão comportar”, declarou à Lusa, numa referência à expectativa que a nova fase de desconfinamento está a causar, sobretudo devido à reabertura dos bares [pubs], apelidada por alguns tabloides de “Super Sábado”.

Situado num espaço exíguo, o café servia algumas refeições leves, pastelaria e cafés, além de vender produtos como enlatados e azeite, mas Dina Martins interroga-se se vale a pena fazer o investimento em abrir o espaço interior.

“Como é que vamos rentabilizar, impomos um consumo mínimo, ou um limite de tempo?”, questionou-se.

O peso das despesas correntes, nomeadamente com a renda, forçou Dina e a sócia Olga Cruchinho a oferecer um serviço constante de venda para fora durante o confinamento, incluindo entregas ao domicílio, que faziam pessoalmente.

“Sinceramente, estou a adorar. Reduzimos a ementa e as pessoas fazem as encomendas com antecedência, o que quer dizer que não sobra muito e não temos tantos custos com os ingredientes. Mas não dá para equilibrar, só para aguentar”, explicou.

Na “Casa Madeira”, um dos cafés e restaurantes mais antigos e conhecidos da comunidade portuguesa, no bairro de Vauxhall, estão a ser terminados os últimos preparativos, estando a reabertura prevista para quarta-feira.

O gerente, Augusto Nunes, declarou que os empregados vão usar máscaras e viseiras, apesar de não ser obrigatório, por uma questão de segurança, e a esplanada ampla também terá de respeitar o distanciamento social.

“De momento é tudo uma incógnita, vai depender muito do civismo das pessoas”, considerou, referindo que mesmo na padaria associada, onde antes de março eram produzidos milhares de pastéis de nata, a atividade está a 50% devido à rotação de equipas.

Em Norwich, no leste de Inglaterra, Jorge Santos aproveitou este período de atividade reduzida para lançar um novo conceito de venda de bifanas para fora, como concorrência a ‘fast-food’ como hambúrgueres.

Enquanto não encontra um espaço, a experiência está a ser feita a partir da cozinha do “Jorge’s”.

“Durante o confinamento as pessoas habituaram-se a levar e comer em casa. É uma oportunidade no mercado “, confiou.

O Reino Unido registou até agora 44.131 mortos, em mais de 284 mil casos de infeção pelo novo coronavírus.

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