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Trabalhadores da CPLP podem resolver falta de mão de obra na Europa

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O presidente da administração da Mota Engil disse esta quarta-feira, em Benavente, que Portugal “tem a grande oportunidade” de ajudar a resolver a falta de mão de obra na Europa, recrutando trabalhadores nos países da lusofonia.

Horácio Sá falava na cerimónia de acolhimento dos 21 trabalhadores guineenses que chegaram a Portugal na terça-feira para trabalharem em três obras da Mota Engil em Lisboa, depois de uma formação fruto da parceria da empresa com o Instituto de Formação dos Países de Língua Oficial Portuguesa (IF-CECPLP).

“Portugal tem capacidade de integração, tem as empresas portuguesas instaladas nos países de língua oficial portuguesa, tem os quadros formados, tem os quadros integrados nas suas estruturas”, disse, salientando que a Mota Engil vai dar seguimento ao programa de formação iniciado com o IF-CECPLP, tanto na Guiné-Bissau, como em outros países da lusofonia.

Para Horácio Sá, a política adotada pela União Europeia face aos desafios que se colocam no contexto atual tem sido “investir, investir, investir”, com programas cujos valores são inéditos e cuja materialização exige “mão de obra que não existe na Europa”, pelo que o programa agora iniciado é “um exemplo a seguir”.

“Mais importante ainda do que a documentação legal, que é absolutamente imperativa, é a garantia de alojamento condigno, de trabalho justamente remunerado e a existência de uma rede de apoio local para o que se venha a mostrar necessário”, disse, salientando que as condições dadas aos trabalhadores que agora chegaram são iguais às que são oferecidas aos portugueses que a empresa leva para o estrangeiro.

Os trabalhadores guineenses foram acolhidos hoje nas instalações da Mota Engil, no Porto Alto, freguesia de Samora Correia, no concelho de Benavente (Santarém), numa cerimónia que contou com a presença do embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Hélder Vaz Lopes, e dos secretários de Estado portugueses dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, e do Trabalho, Miguel Fontes, bem como do presidente do Grupo, António Mota, entre outros.

Laurentino Fernandes, que preside ao Instituto de Formação dos Países de Língua Oficial Portuguesa, salientou o caráter “inovador e ambicioso” do programa de Formação, Capacitação e Mobilidade criado com a Mota Engil.

Referindo que o processo de recrutamento, seleção e formação decorreu, com sucesso, num “espaço de tempo muito curto”, três meses, Laurentino Fernandes afirmou que o projeto tem como virtualidade, não só ajudar a resolver o problema da falta de mão-de-obra e a combater a imigração ilegal, mas, também, uma vertente de responsabilidade social.

Segundo afirmou, dos 35 formandos em carpintaria e alvenaria, 14 (40%) ficaram na Guiné-Bissau, integrando uma bolsa de profissionais que ficam ao dispor das empresas locais, as quais beneficiarão da sua formação qualificada, contribuindo o projeto para a comunidade guineense.

Os 21 trabalhadores contratados pela Mota Engil entram ao serviço com contrato de trabalho e visto de trabalho de um ano (renovável), segundo informação da empresa.

Um dos trabalhadores, Rogério Có, disse à Lusa que soube do projeto por um amigo, tendo passado na fase da entrevista e sido selecionado para frequentar a ação de formação, prática e teórica, orientada por duas docentes do IF-CECPLP.

Trabalhador da construção civil em Bissau, Rogério Có disse estar muito satisfeito por poder ir trabalhar numa grande obra – um hotel de cinco estrelas em Lisboa -, já que, até aqui só tinha trabalhado em obras pequenas.

Com 35 anos, deixou a mulher grávida em Bissau, confessando que os 200 euros mensais que vai enviar para o seu país serão uma ajuda importante para a família.

Para já, está alojado no estaleiro da obra, “com boas condições”, disse.

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação salientou a oportunidade aberta com o acordo para a mobilidade na CPLP, firmado há um ano em Luanda e já ratificado pela maioria dos países de língua oficial portuguesa.

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